Compêndio de Civilidade, 1916 – Cap. VI: Procedimento na Igreja

Compêndio de Civilidade

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Capítulo VI – Procedimento na Igreja

1. A Igreja é a casa de Deus e lugar de oração, por isso nela não deves fazer rumor, conversar ou rir, mas expandir os afetos de teu coração para com Deus.

2. Quando entrares na Igreja, toma água benta e benze-te. Fazes inclinação ao altar se ali só houver o crucifixo ou uma imagem qualquer; faça genuflexão simples, se houver o Santíssimo Sacramento. Sacramento e genuflexão dupla, se o Santíssimo Sacramento estiver exposto.

3. Depois de breve oração, se vieste à Igreja para visitá-la, poderás levantar-se e, se não houver nenhuma função, faça tua visita sem perturbar os outros. Se estiveres com algum companheiro e precisares, poderás trocar com ele algumas palavras, mas em voz baixa, sem leviandade ou gracejo; fica, porém, sempre afastado de quem reza para não o perturbares. Quantos, nestas ocasiões, se mostram frios, irreverentes, indelicados!

4. Nunca te ajoelhes com um joelho só, apoiando-te no outro com o cotovelo. Não te sentes sobre os calcanhares à maneira dos cachorrinhos, nem te deites sobre o espaldar da cadeira da frente, fazendo arco com o corpo.

5. Durante as sagradas funções abstêm-te de bocejar, dormir, voltar-te dum para outro lado e ainda mais de cochichar ou rir com os companheiros. Durante a elevação conserva-te de cabeça erguida fitando a hóstia ou o cálice que o sacerdote eleva, e na benção com o Santíssimo Sacramento, inclina-te mediocremente. São estas as últimas prescrições da Igreja.

6. Ouve com atenção as práticas e instruções morais. Não sejas dos que perturbam o pregador e os ouvintes, tossindo, assoando-se, ou fazendo qualquer rumor. Não saias nunca do sermão, sem algum bom pensamento ou máxima de para praticar. Dá grande importância ao estudo da religião e a sua prática, como fazem os homens verdadeiramente grandes. O grande Joaquim Nabuco, insigne magistrado e literato, não deixava de ajudar à missa, comungava quando podia e rezava todos os dias seu terço.

7. Tem cuidado em não mover os bancos e as cadeiras ou fazê-los ranger mexendo-te a cada passo.

8. Não cuspas nunca sobre o pavimento porque tal coisa, além de anti-higiênica e incivil, expõe os teus vizinhos ao perigo de se enxovalharem.

9. Sê recolhido mesmo ao sair da Igreja. Não te alvorotes para sair primeiro, nem te detenhas a fazer barulho na porta da Igreja.

10. Quando cantares os ofícios divinos ou cânticos sagrados, observa as devidas pausas. Não faças dissonâncias de vozes, gritando ou cantando fora de tom ou prolongando os finais dos versículos para fazeres ostentação de tua voz; pensa ao invés que, com o canto, louvas ao Senhor, e que a tua voz faz eco com os anjos do céu.

11. Que tua oração seja frequente e fervorosa, nunca feita de má vontade ou com perturbação dos outros. Quando rezares em comum, não levantes a voz em demasia, nem tampouco rezes tão baixo que não sejas ouvido. Reza as orações com as devidas pausas e no mesmo tom dos outros.

12. É mau costume o voltar-se para ver quem entra ou quem sai.

13. Se tiveres a ventura de ajudar à missa, procura conhecer e observas com exatidão as cerimônias, especialmente as inclinações e genuflexões.

14. Arremedar as cerimônias eclesiásticas não é gracejo lícito – antes, demonstra má educação e atrai castigos de Deus. Entrar em Igrejas de outras religiões, mesmo por amor à arte, deve ser coisa excepcional e nunca em tempo de funções religiosas, para evitar perigos e escândalos.

15. Na Igreja não se saúdam amigos nem conhecidos. Em casos excepcionais, faz-se-á com simples inclinação de cabeça e nunca com aperto de mão.

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